Periferia na Copa do Mundo: Itaquera segue tendência dos últimos Mundiais

O estádio do Corinthians, que possivelmente abrigará a abertura da Copa do Mundo de 2014, em Itaquera, seguirá a tendência das arenas que sediaram o primeiro jogo dos últimos quatro Mundiais.

A organização das Copas do Mundo da África do Sul-2010, da Alemanha-2006, do Japão/Coreia do Sul-2002 e da França-1998 também optou por organizar a abertura do torneio em arenas localizadas na periferia.

O futuro estádio do primeiro jogo do Mundial de 2014, cuja inauguração está prevista para o final de 2013, está localizado na zona leste, a 18,7 quilômetros da praça da Sé, considerado o marco zero da cidade de São Paulo.

Mas já conta com uma estação de metrô, a Corinthians-Itaquera, na linha vermelha, que está situada ao lado da futura arena.

É uma situação parecida com a Allianz Arena, palco da abertura na Alemanha, em 2006.

O estádio que hoje abriga o Bayern de Munique está distante 14 km do centro da cidade do sul da Alemanha. Contudo é acessado por uma estação de metrô a um quilômetro de sua entrada.

Já o Soccer City, o principal palco da Copa da África do Sul, estar situado em Soweto, um dos distritos mais populosos de Johannesburgo, o estádio não contava, até pouco antes do início da Copa, com uma mínima infraestrutura de transporte. Somente às vésperas da abertura do torneio um ponto de ônibus foi inaugurado em frente à arena.

Outro problema do Soccer City é a violência em seu entorno. Algo que também atinge o Stade de France, palco da abertura e da final da Copa de 1998. A arena está situada em Saint-Denis, município na periferia de Paris que, em um passado recente, foi palco de episódios de violência envolvendo imigrantes e policiais franceses.

Se a África do Sul e a França não conseguiram fazer com que seus estádios recuperassem regiões degradadas, o Seoul World Cup Stadium, na Coreia do Sul, foi bem-sucedido nessa tarefa.

Construída a 8 km do centro de Seul, em uma área às margens do então poluído rio Han, a arena que abrigou a abertura da Copa de 2002 ajudou a recuperar a região. Hoje, oito anos após a Copa asiática, o bairro de Sangam-dong, onde está localizado o Seoul World Cup Stadium, é rodeado por parques e áreas verdes. Além disso, o rio Han, antes considerado o mais poluído da Coreia do Sul, está em processo acelerado de despoluição.

Essa é a esperança de Itaquera, o legado que a Copa pode deixar para região. O bairro da zona leste de São Paulo vai mostrar ao mundo em 2014 que tem cara de periferia e espaço de sobra para crescer.

Nos próximos três anos, empresários, pequenos comerciantes e associações de moradores do bairro, esperam presenciar o que não viram acontecer na região em duas décadas. E a mobilização para garantir a "chance histórica" de melhorias já começou.

Itaquera quer aproveitar a construção do estádio para alavancar obras planejadas nas últimas quatro gestões de prefeitos e governadores. Mas só o estádio não vai adiantar nada. Se o governo não fizer a requalificação do sistema viário para integrar de vez a nossa região ao centro e às rodovias, as empresas não vão chegar. E pior: o trânsito bom que ainda existe no bairro, pode virar um inferno em dias de jogos. Fonte: Folha de S. Paulo

Comentários